Dezembro, 2009
113
Passo Fundo, RS
Introdução

A canola (Brassica napus L. var oleífera) é uma oleaginosa pertencente à família das crucíferas (como o repolho e a couve) e ao gênero Brassica. Os grãos de canola atualmente produzidos no Brasil possuem em torno de 24 a 27% de proteína e, em média, 38% de óleo.

Canola é um termo genérico internacional, não uma marca registrada industrial - como antes de 1986 - cuja descrição oficial é: “um óleo com menos de 2% de ácido erúcico e menos de 30 micromoles de glucosinolatos por grama de matéria seca da semente” (Canola, 1999).

O óleo de canola é considerado um alimento saudável, pois apresenta elevada quantidade de ômega-3 (reduz triglicerídios e controla arteriosclerose), vitamina E (antioxidante que reduz radicais livres), gorduras mono-insaturadas (que reduzem as gorduras de baixa densidade) e o menor teor de gordura saturada (atua no controle do colesterol de baixa densidade) de todos os óleos vegetais. Médicos e nutricionistas indicam o óleo de canola como o de melhor composição de ácidos graxos. Mais detalhes estão disponíveis em: http://www.cnpt.embrapa.br/culturas/canola/aspectos_nutricionais.htm

O óleo de canola é o mais utilizado na Europa para produção de biodiesel e constitui padrão de referência naquele mercado. O farelo de canola possui 34 a 38% de proteína, sendo um excelente suplemento protéico na formulação de rações para bovinos, suínos, ovinos e aves, e tem sido comercializado sem dificuldades.

O cultivo de canola possui grande valor sócio-econômico por oportunizar a produção de óleos vegetais no inverno, vindo se somar à produção de soja no verão, e assim, contribui para otimizar os meios de produção (terra, equipamentos e pessoas) disponíveis. A grande disponibilidade de áreas de terra adequada ao cultivo de canola no estado do Rio Grande do Sul (RS), é ilustrada pelo fato que o RS cultiva atualmente área bem inferior aos 2 milhões de hectares de trigo que já cultivou no passado. Portanto, a produção de canola nestas áreas poderá permitir a expansão da produção de óleo para utilização como biodiesel, além de expandir o emprego desse óleo para consumo humano e contribuir decisivamente para tornar o Brasil em um importante exportador desse produto (Tomm, 2005).

No Brasil cultiva-se apenas canola de primavera, da espécie Brassica napus L. var. oleifera, que foi desenvolvida por melhoramento genético convencional de colza. O cultivo de canola se encaixa nos sistemas de rotação de culturas para produção de grãos, constituindo excelente opção de cultivo de inverno na região Sul, por reduzir problemas fitossanitários de leguminosas, como a soja e o feijão, e das gramíneas, como o milho, trigo e outros cereais. Dessa forma, a canola pode contribuir para a estabilidade de rendimento e qualidade de grãos.

A pesquisa e o cultivo de canola em escala comercial iniciaram em 1974 no RS. Em 2000, a doença canela-preta começou a ocasionar prejuízos em lavouras do RS. Os híbridos Hyola 43 e Hyola 60, com resistência (“vertical”) ao grupo de patogenicidade desse fungo que ocorre no estado, proveniente de Brassica rapa ssp sylvestris, viabilizaram o início da presente expansão da área de cultivo de canola no Brasil. Cumpre ressaltar que, na Austrália, o fungo causador da canela-preta já desenvolveu variantes que conseguem infectar os híbridos com resistência proveniente de B. rapa ssp sylvestris, e o mesmo começa a ocorrer no Brasil. Antecipando soluções, após extensiva experimentação, já em 2006, foi iniciado o cultivo comercial de Hyola 61, híbrido com resistência poligênica (mais ampla e estável). Os novos híbridos registrados desde então, Hyola 433, em 28/11/2008 e Hyola 411, em 13/1/2009, possuem esta característica que confere maior segurança à produção, sem custo adicional ao produtor de canola.

Devido aos escassos investimentos em pesquisa no Brasil, ainda existem dificuldades tecnológicas para a expansão do cultivo dessa oleaginosa em nosso país, a saber: a necessidade de identificar épocas de semeadura para regiões com maior altitude e o ajuste de outras tecnologias de manejo à cada região. São necessários resultados de pesquisas para aperfeiçoar o uso de fertilizantes. O desenvolvimento de tecnologia visando à redução de perdas na colheita de canola também poderá contribuir decisivamente para o aumento da rentabilidade do cultivo.

A presente publicação é baseada em limitados dados experimentais gerados sob coordenação do primeiro autor e a colaboração de diversos profissionais e instituições, em experiências de lavouras conduzidas no Brasil e em informações de literatura internacional. Dessa forma, estas indicações tecnológicas são preliminares, e visam a auxiliar produtores a aumentar a probabilidade de sucesso na produção de canola.




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