Dezembro, 2009
113
Passo Fundo, RS
Manejo de colheita

Visa reduzir ao máximo as perdas antes e durante a colheita para obter o máximo rendimento de grãos. O atraso na colheita determina grandes perdas.

• Para determinar o ponto de colheita tome como base a cor dos grãos e não o aspecto das plantas.

Verificar a cor dos grãos das síliquas localizadas na parte superior do caule principal das plantas. Quando 40 60% dos grãos mudaram da cor verde para marrom, as plantas atingiram o ponto de maturação fisiológica. O teor de umidade dos grãos neste estádio geralmente está em torno de 35 %. Realizar o corte-enleiramento imediatamente após atingir a maturação fisiológica das plantas.

Corte-enleiramento

• Cortar e enleirar as plantas quando 30 a 40% dos grãos do ramo principal (ápice da planta) começam a alterar a cor. Considera-se que ocorreu a troca de cor quando os grãos mudam da cor verde para a cor marrom e preto. Como a fecundação, o enchimento de grãos e a maturação começam da base e evoluem para o ápice dos ramos, os grãos das síliquas situadas na base amadurecem e trocam de cor antes do que os grãos contidos pelas síliquas do ápice. No ponto para realização do corte-enleiramento, os grãos das síliquas na ponta dos ramos produtivos ainda estarão verdes mas já deverão estar firmes e não se quebrar ao serem rolados entre os dedos polegar e indicador. Os grãos verdes devem estar firmes o suficiente para não quebrarem quando rolados entre os dedos polegar e indicador. Na maioria das áreas, as plantas de canola estarão no ponto adequado para corte-enleiramento durante o período de apenas 3 a 5 dias. A partir do corte-enleiramento, a cultura vai secando e estará pronta para colheita em 8 dias sob clima seco, e até 15 dias em períodos com maior umidade.

• A operação de corte-enleiramento (Fig. 8) pode ser realizada com uma variedade de plataformas especiais. Nos últimos dois anos, começaram a ser fabricadas no sul do Brasil, plataformas para acoplamento em colhedoras-automotrizes (Fig. 9). A esteira que funciona perpendicularmente ao sentido de deslocamento da colhedora concentra as plantas em uma leira (Fig. 10). As plataformas acopladas à colhedoras substituem com grandes vantagens as plataformas acopladas a trator pois aproveitam os mesmos sistemas hidráulicos das colhedoras. Ainda, o operador, sentado na cabine elevada da colhedora, tem um controle e uma vista melhor da operação.

• A colheita das plantas enleiradas deve ser realizada preferencialmente com outra plataforma especial com esteira (Fig. 11), a qual recolhe e conduz as plantas para o mecanismo de trilha da colhedora. Após um certo número de dias, que varia em função das temperaturas e da umidade ambiental desde o corte-enleiramento, o teor de umidade dos grãos estará próximo de 10% de umidade, que é a umidade de referência na comercialização e também indicada para armazenamento de curto prazo.

Dessecação

A dessecação não é indicada.

• Híbridos com ciclo mais curto, como Hyola 401 e Hyola 420 possuem maturação uniforme e dispensam dessecação para serem colhidos.

• Determinados herbicidas usados na dessecação podem deixar resíduos nos grãos, conforme verificado em estudos realizados em Passo Fundo (http://www.cnpt.embrapa.br/culturas/canola/manejo.htm).

• O rápido secamento das plantas sob condições de elevada temperatura tende a aumentar a presença de grãos verdes o que está associado a taxa de degradação enzimática da clorofila (Thomas, 2003). O elevado teor de clorofila nos grãos gera descontos no recebimento e onera a clarificação do óleo no processamento industrial.

• A dessecação causa amassamento de plantas, aumenta o custo de produção e pode aumentar as perdas.

Colheita direta

Ponto para colheita direta

• A cor predominante dos grãos é o melhor indicador. A cor da planta ou dos caules de canola são maus indicadores, pois os grãos secam antes que os caules e as hastes das plantas.

• A partir da maturação fisiológica, determinar diariamente o teor de umidade dos grãos, para identificar o momento de iniciar a colheita, pois, em dias quentes e secos, a secagem dos grãos e a deiscência ocorre rapidamente.

Iniciar a colheita quando o teor de umidade dos grãos estiver no máximo em 18 %. A partir deste ponto, se existe previsão de chuvas e ventos, colher a canola, passar os grãos por pré-limpeza e secagem o mais rapidamente possível.

• Colher primeiro as áreas livres de plantas daninhas para reduzir a disseminação de sementes de invasoras.

• No RS, quando a colheita é iniciada com a umidade dos grãos acima de 10%, é preferível colher nas horas mais quentes do dia pois o elevado peso da massa verde que precisa passar pela colhedora torna mais difícil a separação dos grãos.

Quando a colheita é realizada com baixa umidade dos grãos e do ambiente, é preferível evitar as horas mais quentes e secas do dia (colhendo pela manhã e ao fim da tarde.) para reduzir as perdas por debulha na plataforma.

Regulagem da colhedora

Evitar a debulha na plataforma, pois causa grandes perdas. Consultar o catálogo do fabricante da máquina.

• Realizar a regulagem da colhedora com muita atenção. Ajustar várias vezes durante o dia, pois as variações temperatura e umidade alteram o teor de umidade da palha e dos grãos. As perdas podem ser maiores que 10 % se a regulagem da velocidade do ventilador ou o tipo e a abertura das peneiras não forem adequadas.

• Para estimar as perdas, cálculo por regra de três simples indica que cada 23 grãos de canola perdidos por m2 de área colhida correspondem à perda aproximada de um kg/ha.

• Vedar a base dos elevadores e todos os locais da colhedora (e dos veículos usados no transporte), onde podem vazar grãos, com fita crepe, com silicone ou outro material.

• Eventualmente a retirada do arco divisor da lateral da plataforma pode reduzir perdas por debulha.

• Uma adaptação realizada ao prender uma mangueira de 1/2", com os próprios parafusos da colhedora, em toda a largura da plataforma de corte, logo atrás das navalhas, tem se mostrado eficiente para reduzir as perdas causadas pela queda de grãos ao solo devido à inclinação em direção à barra de corte.

• Usar peneiras apropriadas (2 a 4 mm).

Molinete: reduzir o número de arames (“aspas”), recuar e ajustar a altura do molinete para que só os arames se introduzam no cultivo. Ajustar a velocidade para que seja pouco superior à de deslocamento da colhedora.

• Altura da barra de corte: cortar as plantas logo abaixo dos primeiros ramos produtivos. Isto é, se deve reduzir tanto quanto possível o volume de caules colhidos, os quais aumentam o risco de embuchamento e o consumo de combustível da colhedora, e tendem a aumentar a umidade e impureza da massa de grãos.

Caracol: ajustar a velocidade e a altura para que não causem muita debulha de síliquas.

• Velocidade do ventilador: regular para que permita a limpeza da massa de grãos e evite perdas.

• Velocidade do cilindro: deve ser menor do que a usada para cereais (400 - 600 rpm).

• Abertura do côncavo: deve ser maior que aquela usada em trigo.

• A velocidade de deslocamento na colheita de canola deverá ser menor do que aquela usada para cereais para reduzir o risco de perdas por debulha.

• Quando se realiza a colheita andando em nível em terrenos com declive acentuado, a massa de plantas e grãos tende a se concentrar em uma área restrita, na lateral das peneiras reduzindo a eficiência da separação e aumentando as perdas de grãos. Nestes casos, realizar a colheita subindo e descendo o declive, pois com o ajuste correspondente da velocidade do ar é possível reduzir as perdas de grãos, aumentando a eficiência de eliminação de impurezas.

Limpeza e vedação de equipamentos na colheita e transporte

Objetivo: Minimizar os vazamentos e perda de grãos durante a colheita, o transporte e a entrega da produção.

• Limpar a colhedora quando passar para outras áreas de lavoura e outras culturas para evitar a disseminação de sementes de canola. Isso diminuirá a ocorrência de plantas voluntárias e a proliferação de doenças e pragas.

• Armazenar e transportar a produção em armazéns, carretas agrícolas e caminhões secos, limpos e bem vedados.




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