Dezembro, 2009
113
Passo Fundo, RS
Doenças

Canela-preta

Essa doença (Fig. 4 e 5), denominada Blackleg em inglês, é causada pelo fungo Leptosphaeria maculans, o qual tem Phoma lingam (Tode) ex. Shaw. Desm. como sua forma conidial. Constitui uma das doenças mais importantes da canola mundialmente. Causou danos importantes em determinadas lavouras no Rio Grande do Sul, pela primeira vez na safra 2000, 26 anos após o início das pesquisas e cultivo de canola no Brasil. A severidade da doença foi elevada em determinadas épocas de semeadura e em determinados municípios do Noroeste do RS. Os danos foram severos em lavouras com plantas debilitadas por geadas ocorridas logo após a emergência das plantas ou, onde ocorreram danos devidos a resíduos de herbicidas. A solução mais econômica é a identificação de cultivares ou híbridos resistentes, desenvolvidos na Austrália, onde é endêmico o mesmo grupo de patogenicidade da canela-preta existente no Sul do Brasil e no Paraguai. Para aumentar a segurança dos cultivos, o autor, em 2001, sugeriu estratégias de manejo para redução de riscos, baseadas em informações coletadas no Canadá e Austrália e validadas em levantamentos de lavoura no Rio Grande do Sul. Uma das principais medidas é a implantação de lavoura de canola a mais de 1000 m de distância de lavouras que apresentavam infecção de canela-preta na safra anterior, para reduzir o risco que infecção por ascosporos trazidos pelo vento (Quadro 10). Para utilização integrada ao manejo, em 2002, foram identificadas cultivares resistentes ao grupo de patogenicidade de canela preta que ocorre no RS (ver o ítem “Sementes” desta publicação).

• Os sintomas e o nível de infecção das lavouras se tornam mais visíveis na floração. As lesões nos caules apresentam coloração que varia de cinza-fosco a branco e uma borda escura (fig. 4). Estruturas pretas, duras, do tamanho de uma ponta de lápis, podem aparecer na base dos caules infectados. Com infecções acentuadas, as síliquas podem amadurecer e abrir antecipadamente, causando perdas de grãos.

• Realizar controle preventivo empregando sementes: a) de genótipos resistentes, b) produzidas em áreas adversas para a ocorrência de canela-preta e, c) que foram submetidas à análise da patologia de sementes. As sementes importadas seguem todos estes cuidados e ainda têm sido tratadas com fungicida antes de serem enviadas para o Brasil.

• Empregando variedades suscetíveis pode ocorrer infecção de plântulas através de esporos liberados por palha infectada em área distantes até 8 km.

• Nesses casos, a aplicação de fungicida na parte aérea da canola, quando as plantas tem 2-4 folhas, é prática freqüente na Europa para controle de canela-preta. Vários produtos são recomendados no Canadá e na França. Entretanto, precisam ser avaliados nas condições locais para determinar a sua eficiência e economicidade.

A publicação "Doenças de canola no Paraná" (Cardoso et al.,1996) apresenta informações e ilustrações que auxiliam na identificação de doenças e sugerem medidas de controle. Esses pesquisadores realizaram um levantamento, o qual embasou a citada publicação, e identificaram as principais doenças em lavouras de canola, como segue.

Podridão branca da haste

A doença denominada “Podridão branca da haste”, “mofo branco”, ou esclerotínia, causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, infecta 408 espécies de plantas daninhas e culturas de folhas largas, como a soja e o feijão, também infecta e é multiplicada pela canola (NATIONAL..., 2008). As sementes de canola empregadas no Brasil são híbridas, produzidas em regiões semi-áridas, e passam por rigorosos testes e precauções sanitárias no processo de importação. Portanto, são uma causa menos provável da ocorrência de mofo-branco nas lavouras. Entretanto, como o fungo permanece vivo nas sementes por 7 anos, em média, o inóculo do agente causador do mofo-branco tem sido disseminado nas lavouras através de sementes infectadas de feijão, de soja e outros cultivos e infecta a canola quando esta é semeada em lavoura infectada. Ascosporos trazidos de lavouras adjacentes constituem uma das principais fontes de infecção. A esclerotínia pode sobreviver em restos das culturas suscetíveis, produz escleródios na cavidade de caules (Fig. 6) que podem permanecer no solo até 6 anos. Em lavouras com elevada contaminação por esclerotínia, o método mais eficiente de controle é a rotação com culturas não suscetíveis, como as gramíneas, por no mínimo quatro anos. O linho e o trigo sarraceno (família Polygonaceae) são menos suscetíveis. Também é importante usar somente sementes de soja, de girassol e de feijão com boa procedência para evitar a introdução dessa doença nas lavouras. Deve se evitar a sucessão canola/soja ou canola/feijão em áreas onde se observou elevada presença da doença recentemente. Também é importante controlar plantas daninhas suscetíveis e plantas voluntárias de canola ("tigueras"). Detalhadas informações sobre sclerotinia e links para diversos sítios estão disponíveis a partir de http://www.whitemoldresearch.com/HTML/links.cfm

Podridão negra das crucíferas

Doença causada pela bactéria Xanthomonas campestris pv. campestris, a qual infecta a planta através de gotículas de água exudadas pela própria planta. É comum que sintomas de bacterioses em folhas de canola estejam localizados nas bordas das mesmas (Fig. 7). A infecção pode ser favorecida pelo efeito de geadas pois, essa bactéria é nucleadora de gelo, e o rompimento dos tecidos, pelo efeito de geada, favorece a penetração de bactérias.

• Empregar somente sementes com sanidade comprovada, pois a doença é transmitida pelas sementes.

• Fazer rotação com culturas não crucíferas.

• Incorporar os restos culturais após a colheita, se não for área sob o sistema plantio direto, para acelerar a degradação da biomassa e do inóculo nela contido.

Mancha de alternária

Causada pelo fungo Alternaria brassicae, A. raphani e A. alternata, o qual é transmitido por sementes infectadas. A infecção pode iniciar pelas folhas das plântulas. Os esporos produzidos nestes tecidos são disseminados pelo vento e a doença se alastra com o molhamento proveniente de clima úmido na primavera. Inicialmente os sintomas aparecem como manchas arredondadas em formato de alvo nas folhas, mas podem se disseminar para caules e síliquas. As síliquas podem ficar tomadas de manchas causando chochamento de grãos. Alternaria acelera a secagem das síliquas infectadas, causa deiscência e conseqüentemente, a queda de grãos antes da colheita (CANOLA..., 2000). Assim, na colheita já se observam plântulas de canola emergidas.

• Usar sementes com sanidade garantida para evitar falhas no estande, durante e após a emergência.

• Fazer rotação com culturas não crucíferas por no mínimo, 3 anos.

• Controlar plantas daninhas e voluntárias de canola nesse período.




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