Dezembro, 2009
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Passo Fundo, RS
Insetos

Fique atento para a ocorrência de insetos-praga logo após a semeadura, especialmente formigas e coleópteros, e esteja preparado para seu controle.

A área foliar possui importância decisiva no rendimento de grãos, especialmente no início da floração (quadro 9). Portanto, monitorar com mais freqüência nessa fase crítica e, se necessário, realizar o controle de insetos.

Resultados de pesquisa em manejo e controle de insetos-praga em canola no Brasil são escassos. Para controle de insetos que atacam no período de estabelecimento da canola (principalmente formigas e corós), agricultores têm empregado alternativas como: 1) a aplicação de inseticidas na operação de dessecação antes da semeadura da canola; 2) a aplicação de inseticidas na linha de semeadura, usando aplicadores de granulados acoplados às semeadoras ou com jato dirigido à cada linha de semeadura, e 3) aplicação de inseticidas logo após a emergência da canola para o controle de formigas e outros tipos de pragas.

Corós

Sempre que possível, evitar a semeadura de canola em áreas com infestação por corós tendo em vista que:

  1. A área de cultivo de canola no Sul do Brasil é muito menor que a área semeada com culturas de verão.
  2. O uso de tratamento de sementes, ou outro controle químico, para o controle de corós onera a cultura, diminuindo a viabilidade econômica da mesma.

• A quantidade de sementes de canola empregada, em torno de 3 kg/ha, constitui veículo limitado para a quantidade de inseticida necessário ao controle de corós.

Devido à carência de resultados de pesquisa acerca do controle de corós em canola se toma como base informações geradas para outras culturas. Por exemplo, em trigo, o manejo de corós é indicado com base nos seguintes critérios6:

• Fazer amostragens de solo (trincheiras) para identificar a(s) espécie(s) ocorrentes (nem todas são pragas) e a densidade (nº corós /m2);

• Levar em conta que existem espécies de ciclo anual e outras bianual (nesse caso o coró ocorre em anos alternados);

• A densidade de 5 corós pragas/m2 apresenta potencial para causar decréscimos de rendimento de trigo;

• A mortalidade natural (controle biológico) é geralmente elevada, e o nível das infestações varia de ano para ano;

• Em trigo, altas populações (>15 corós/m2), não são eficientemente controladas, mesmo com doses altas de inseticida nas sementes devido ao curto período residual e longo período de ação da praga.

• A viabilidade econômica do controle depende da relação entre preços do inseticida e dos grãos de canola, da dose de defensivo necessária por ha, do potencial de rendimento da lavoura, do tamanho da área infestada em relação a toda a lavoura;

• Na cultura de trigo, doses adequadas de inseticidas à base de carbosulfan, fipronil, imidacloprido – inseticida indicado para essa finalidade pela Comissão Sul-Brasileira de Pesquisa de Trigo (Reunião..., 2005) - tiametoxam e tiodicarbe apresentam bom controle de corós.

A publicação "Pragas da canola - Bases preliminares para manejo no Paraná" (Dominiciano & Santos, 1996) apresenta informações e ilustrações que auxiliam na identificação de insetos e sugere medidas de controle. Esses pesquisadores realizaram um levantamento, o qual embasou a citada publicação, e identificaram as principais pragas em lavouras de canola, de onde foram extraídas grande parte das informações que seguem.

Formigas

Controlar as formigas cortadeiras - saúvas, (Atta spp.) e quenquens (Acromyrmex spp.) especialmente na fase inicial da cultura.

Vaquinhas

A vaquinha ou patriota (Diabrotica speciosa) é uma praga que ataca muitas culturas e causa desfolha em canola, especialmente da fase cotiledonar até 2-3 folhas verdadeiras (Fig. 3). Os danos são mais freqüentes em lavouras semeadas no início do período recomendado. Em determinadas lavouras o tratamento de sementes com inseticidas permitiu proteger as plântulas por até 20 dias.

Percevejos

Em anos em que não ocorre frio intenso no inverno, se verifica a migração de percevejo verde (Nezara viridula), de percevejo verde pequeno (Piezodorus guildinii), e de percevejo marrom (Euschistus heros) de lavouras de soja para lavouras de canola. Controlar percevejos é especialmente importante após o início da formação das síliquas, devido ao grande efeito sobre o rendimento de grãos.

Traça

A traça das crucífereas (Plutella xylostella), denominada “Diamondback moth” em inglês, é a praga mais importante em canola no RS. A densidade populacional e os danos são relacionados com períodos de estiagem. Surtos dessas lagartinhas, como o ocorrido em 2001, podem causar sérios danos e prejuízos, se iniciados antes da floração. Causa desfolhamento e, em altas populações, consome a epiderme das síliquas e hastes. No Canadá, o nível de controle é de 200 a 300 larvas/m2, (Thomas, 2002). Dar preferência à utilização de inseticidas fisiológicos em função de eficiência, residual e seletividade. Após o controle, em lavoura que já tenha as síliquas formadas, dificilmente haverá tempo para que uma nova infestação possa danificar a lavoura, pois as plantas já estarão na maturação.

Pulgões

Geralmente ocorrem infestações de pulgões (afídeos) durante a floração, mas também podem ocorrer pulgões durante o estabelecimento da canola. Os afídeos são encontrados na face inferior das folhas e cotilédones, e na base do caule. Os sintomas incluem enrolamento e deformações das folhas. Em infestações severas podem levar a morte. As principais espécies de pulgões em canola são:

• Pulgão Myzus persicae, que geralmente ataca da emergência até a fase de roseta.

• Pulgão ceroso das crucíferas (Brevicoryne brassicae) que ocorre em reboleiras, ou em infestações generalizadas, principalmente nas inflorescências, no período da elongação à maturação.

Monitoramento e identificação de pragas

• Vistoriar periodicamente a lavoura, verificando, mais freqüente e cuidadosamente, quando observar o início do surgimento de pragas.

• Começar a observação pelas raízes, hastes, face inferior das folhas e, principalmente, os ponteiros e as flores.

• Verificar durante o dia se existem lagartas abaixo da superfície do solo e ao redor da base das plântulas. Durante a noite, verificar na superfície do solo.

• Determinadas pragas localizam-se principalmente nas bordas de lavoura.

• Procurar orientação de agrônomo para identificação de pragas, verificação do nível de dano econômico e recomendação de controle.

• Existe carência de inseticidas registrados para a cultura da canola no Brasil. O inseticida Bifenthrin (Capture 400 EC, FMC) é indicado e registrado para o controle de traça (ANVISA,2008). Foi protocolada em 17/4/2009 a solicitação de Registro Especial Temporário do inseticida Teflubenzuron (NOMOLT 150) produto fisiológico empregado para controle de insetos-praga na cultura da canola, na dose de 100ml/ha de produto comercial (BRASIL, 2009b).

O registro de defensivos para emprego em canola é limitado. Preferir o uso de produtos seletivos para o controle de forma curativa. Quando utilizar inseticidas tóxicos às abelhas, aplicar somente no início da manhã ou no final da tarde, para não causar prejuízos à polinização.


6Comunicação pessoal do Dr. José Roberto Salvadori, entomologista da Embrapa Trigo, a Gilberto Omar Tomm, em 24/4/2007.

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