Dezembro, 2009
111
Passo Fundo, RS


Resultados e discussão

Foram recebidos 202 formulários preenchidos, representativos das diferentes regiões tritícolas do estado do Paraná, totalizando informações de 28.037 produtores. Os questionários representaram 116 municípios, agrupados pelas regiões de adaptação para trigo no Brasil (RT VCU I – fria/úmida/alta), RT VCU II - Moderadamente quente/úmida/baixa) e (RT VCU III – quente/moderadamente seca/baixa) do estado (Tabela 1) (Cunha et al., 2006).

A área de trigo representada pelos questionários foi de 665.017 ha, sendo que as regiões VCU II e VCU III foram as de maior área amostrada no levantamento, o que vai ao encontro do histórico de área semeada no estado. A área amostrada representou, aproximadamente 50% da área total semeada com trigo do Estado, que foi de 1.152.000 ha em 2008 (Conab, 2009). Pelo levantamento, o rendimento de grãos na média estadual foi de 2.873 kg/ha, pouco superior a média informada pela Conab no ano de 2008 (2.778 kg/ha) – Conab, 2009.

Condições meteorológicas na safra 2008

As condições meteorológicas no estado do Paraná, no período de março a maio de 2008, apresentaram-se favoráveis para a germinação/emergência do trigo, principalmente no norte do estado. Nos meses de junho a agosto, geadas na região oeste e sudoeste ocasionaram a redução de 2% na estimativa de produção. Precipitações pluviais acima da normal climatológica no início do mês de agosto prejudicaram a qualidade do trigo maduro na região oeste do estado. Em setembro, precipitação pluvial abaixo da normal para o mês favoreceu a colheita do cereal com qualidade.

Principais problemas relatados na safra 2008

Por meio da consolidação das informações, 29,8% dos questionários apontaram os problemas meteorológicos como os mais limitantes à safra de trigo no estado do Paraná em 2008 (Fig. 2). A elevada incidência de doenças (25,6%) e os problemas de comercialização (18%) foram os outros dois itens mais citados no levantamento. Juntos, estes três problemas representaram quase 75% das reclamações do setor técnico. Curiosamente, os problemas meteorológicos da safra foram muito mais significativos nos levantamentos realizados em 2007 (68%) e, principalmente, em 2006 (89%) – Ignaczak et al., 2007.

Ainda foram citados como problemas a ocorrência de geadas (8,1%), os elevados custos de produção (6,3%), a ocorrência de pragas (5%) e o acamamento (3,9%).

A boa safra paranaense em 2008 justifica estes dados, já que foi uma das melhores em termos agronômicos e qualitativos dos últimos anos (Fig. 3).

Principais sugestões para a pesquisa

Um dos itens do formulário buscou coletar sugestões da área técnica para a pesquisa ou segmentos da cadeia produtiva do trigo no Estado do Paraná. O resultado está apresentado na Tabela 2.

A principal sugestão/demanda levantada foi referente à disponibilidade de cultivares resistentes a doenças (33,2%), valor superior ao apontado para o mesmo item nos anos de 2007 (21%) e 2006 (26%) – Ignaczak et al., 2007. Ainda em 2008, outros itens apontados no levantamento foram cultivares resistentes à germinação pré-colheita, cultivares mais produtivas e cultivares com melhor qualidade (classificação tipo Pão).

Agrupando-se as respostas, 84,2% das demandas apontadas dizem respeito a melhorias genéticas nas cultivares disponíveis.

Cultivares

O percentual de área de cada cultivar segundo o levantamento realizado variou de maneira significativa conforme a região tritícola amostrada (Tabela 3). Na região - VCU I, predominou a cultivar Safira; na região VCU II, a cultivar BRS 220 e na região VCU III a cultivar CD 104. Na consolidação estadual, a cultivar de maior área foi BRS 220 (26%), seguida pela CD 104 (24,2%) e BRS 208 (16,4%).

De acordo com os dados recebidos, 84% da semente usada é certificada (Fig. 4). Esta relação permanece praticamente inalterada conforme a região tritícola considerada; entretanto, a região VCU I é que apresenta, em valores absolutos, o maior percentual de semente própria, totalizando 23%.

Manejo de solo

O Sistema Plantio Direto (SPD) é preponderante no estado, independente da região tritícola considerada. Em média, aproximadamente 95% das lavouras de trigo enquadram-se neste sistema. Preparo mínimo e convencional representaram, respectivamente, 1,7 e 3,7% da área considerada (Tabela 4).

Pelo levantamento realizado em 2008, 52% da área amostrada foi corrigida com calcário, basicamente com aplicação em superfície (83%) – Tabela 5. Nas lavouras onde se aplicou calcário, em 51% delas a dose foi inferior a 2 t/ha; em 37% a dose foi entre 2 e 4 t/ha e somente em 12% a dose foi superior a 4 t/ha.

Tratamento de sementes, adubação de base e cobertura

Em relação ao tratamento de sementes realizado na safra 2008, o objetivo variou conforme a região tritícola. Na região VCU I e VCU II, prevaleceu o tratamento de sementes com fungicida associado com inseticida, no percentual de 47,2% e 31,9%, respectivamente. Por outro lado, na região VCU III, o tratamento mais comum foi somente com fungicida (38,8%) – Tabela 6. Na média ponderada estadual, o tratamento isolado com fungicida (34,3%) e o tratamento associando fungicida + inseticida (29,3%) foram os mais comuns.

Para adubação de base, a dose de 200 a 250 kg/ha foi a mais comum no estado e em todas as regiões tritícolas (Tabela 6). Com relação a adubação de cobertura, a dose utilizada de uréia foi de 50 a 100 kg/ha, exceto para a região VCU I, onde a mais freqüente foi a dose superior a 100 kg/ha deste fertilizante nitrogenado.

Controle de Pragas

Em 65,5% das lavouras amostradas no Paraná em 2008, houve controle de pulgões. Este percentual oscilou de 53,5% (RT – VCU II) a 73,6% (RT – VCU III) – Tabela 7. O percentual de controle para lagarta foi inferior, totalizando média estadual de 37,8%. Para as diferentes regiões, o controle de lagartas também variou, com percentuais mínimos de 11,1% (RT – VCU I) até 51,2% (RT - VCU III).

As manchas foliares, a ferrugem e a septoriose da espiga foram as doenças de maior ocorrência na safra de 2008, com percentuais respectivos de 77,6%, 71,2% e 69,0% (Tabela 8). Os maiores percentuais de controle preventivo foram observados para giberela e brusone (67,3% e 60%), o que se justifica pelas características das doenças.


 

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