24
Dezembro, 2007
Passo Fundo, RS

Produção Integrada

A produção integrada (PI) envolve todas as etapas que garantem a sustentabilidade do sistema produtivo e a produção de alimentos com qualidade certificada, baseando-se em uma visão holística dos processos (Andrigueto & Kososki, 2005). As áreas prioritárias da PI são: capacitação, conscientização do produtor/armazenador de suas responsabilidades sociais e ambientais, incluindo um ambiente de trabalho adequado às necessidades trabalhistas; sustentabilidade, preservação dos recursos naturais, monitoramento dos insetos-praga, das doenças e das condições climáticas, visando otimizar e reduzir a utilização de insumos; rastreabilidade, conferida através de registros de todas as etapas que definem a qualidade e a inocuidade dos lotes específicos; certificação, consiste no reconhecimento formal, através de auditorias conduzidas por instituições de terceira parte, não envolvidas na produção e na comercialização, atestando que o conjunto de características do produto está de acordo com os requisitos estabelecidos nas normativas.

No Brasil, a PI foi primeiramente adotada nos produtos in natura destinados à exportação, destacando-se a fruticultura. Em 2004, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento promoveu a extensão do sistema de produção integrada para outros segmentos importantes da cadeia agroalimentar, como carne, grãos e hortaliças, através do Sistema Agropecuário de Produção Integrada (SAPI). A implementação do SAPI determina o estabelecimento das condições técnicas de sustentabilidade ambiental, segurança dos alimentos, saúde humana e responsabilidade social, além das condições requeridas em procedimentos de rastreabilidade, possibilitando a consolidação da posição brasileira como importante provedora de produtos e serviços de alto valor agregado, no comércio mundial de alimentos (Vieira & Naka, 2004).

Os conceitos de segmentação de mercado e de otimização dos recursos e processos incorporados às atividades produtivas a partir dos anos 90 estão promovendo alterações na produção agrícola e na logística de pós-colheita. No caso do trigo, países com grande tradição exportadora, como Estados Unidos, Canadá, Austrália e Argentina, já exercitam estratégias de comercialização e de coordenação da produção com vistas à segregação dos produtos (Miranda et al., 2005).

Na Austrália, a produção de trigo é voltada, majoritariamente, para exportação. O tipo de trigo a ser semeado em cada região e as condições de armazenagem são definidas pela 'Australian Wheat Board'. A segregação do produto ocorre desde a lavoura, transporte e armazenamento, de acordo com a necessidade dos clientes, chegando aos terminais de exportação separado de acordo com as características contratadas com o comprador (Miranda et al., 2005). Israel desenvolveu um sistema de informação 'Agrosafe', disponível na Internet, para monitorar e documentar o manejo realizado na agricultura. Trata-se de um inovativo sistema Web, projetado para fornecer um fluxo multidirecional de informações compartilhadas, entre produtores, armazenadores, comercializadores e consumidores (Sarig et al., 2006).

Para responder às atuais demandas de mercado para a produção de alimentos, as indústrias precisam adotar programas de gestão da qualidade e da segurança dos alimentos, como o APPCC - Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle e/ou ISO 22000 - Sistemas de Gestão da Segurança de Alimentos. Esses programas exigem o fornecimento de matéria-prima padronizada e com qualidade certificada, além de um sistema de rastreabilidade que permita a identificação da origem e das características dos mesmos, como pré-requisitos para a certificação do produto final.


Circular Técnica Online Nº 24 Publicações OnlinePublicações Online