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Dezembro, 2005
Passo Fundo, RS

Análise citológica de cultivares tolerantes e sensíveis de trigo (Triticum aestivum L. em Thell) em resposta à presença de alumínio em solução

Introdução

O trigo é cultivado anualmente em grande extensão territorial, sendo considerado um dos principais alimentos da dieta humana, e usado, direta ou indiretamente por 35% da população mundial. Em forma de pão e de outros derivados, o trigo constitui um dos alimentos mais importantes da cesta básica brasileira. Sendo que o consumo médio de trigo no Brasil é de, aproximadamente, 58 kg/habitante ano, contra 120 kg na Argentina, apresentaram um levantamento do consumo per capita de derivados do trigo na Região Metropolitana de Curitiba - Paraná (Silva et al., 1996). Devido à importância desse cereal, estudos detalhados, nas mais variadas áreas da ciência, vêm sendo realizados no intuito de contribuir e auxiliar o melhorista nas diferentes etapas dos programas de melhoramento genético.

Um dos aspectos considerados é o efeito do alumínio (Al) solúvel, constituindo um dos principais fatores limitantes da produtividade das culturas em solos ácidos, que constituem cerca de 40% das terras agricultáveis no mundo (Camargo et al., 2000). No Rio Grande do Sul, o trigo é cultivado principalmente na metade norte do Estado, em sua quase totalidade, em solos que apresentam grande variação em parâmetros químicos, em função do material de origem e do sistema de cultivo. A calagem eleva o pH do solo e insolubiliza o Al. Porém, por tratar-se de um clima úmido, a reacidificação do solo e o aumento do teor solúvel e trocável de Al é um processo natural. A presença de Al em elevado teor nessas formas químicas no solo afeta o desenvolvimento do sistema radicular e pode reduzir drasticamente a produção de grãos.

A capacidade de cultivares brasileiras de trigo se desenvolverem adequadamente em condições de solo ácido é reconhecida mundialmente. Trabalhos realizados por Rosa & Camargo (1991) demonstraram que as cultivares BH 1146, IAC 5-Maringá, IAC 21 e IAC 24 são tolerantes e Anahuac 75, cultivar originária do México, é sensível ao Al no solo. Inúmeros outros trabalhos foram e vêm sendo conduzidos com as cultivares BH 1146 e Anahuac, em solução hidropônica contendo alumínio (Camargo & Oliveira, 1981; Camargo, 1984), bem como os relacionados com aspectos moleculares e, mais recentemente características genômicas associadas ao efeito do Al.

Os estudos realizados em relação a esta característica mostram que as raízes das plantas se tornam menores, engrossam e perdem a ramificação fina, reduzindo sua capacidade de absorver água e nutrientes (Foy & Silva, 1991) quando na presença deste elemento em níveis tóxicos. Além do mencionado, Delhaize et al. (1993) destacam que a injúria causada pelo alumínio, especificamente, reduz a produção de matéria seca, com os efeitos se fazendo sentir de forma mais acentuada sobre o sistema radicular.

De acordo com Abichequer et al. (2003) a tolerância ao alumínio, classicamente é explicada por dois mecanismos, sendo o primeiro designado como mecanismo de exclusão, no qual o Al é impedido de alcançar seus sítios de toxicidade na planta. O segundo, refere-se aos mecanismos internos, ou seja, de reparo, que possibilitam a penetração do alumínio no interior da célula, tendo, no entanto, sua ação fitotóxica neutralizada, conforme estudos de Cançado et al. (1999). Outros mecanismos bioquímicos também têm sido propostos para explicar a tolerância.

O excesso de alumínio se relaciona também com distúrbios na divisão celular. Moraes-Fernandes (1982) aborda que há alta correlação entre os níveis de alumínio no solo e a elevada freqüência de anormalidades cromossômicas na divisão celular e anormalidades citológicas em micrósporos de cultivares de trigo, principalmente naquelas com germoplasma introduzido do CIMMYT.

Dentre os mais variados métodos de análise citológica, Boscardin (2005) destaca as pesquisas realizadas em células metafásicas das Regiões Organizadoras Nucleolares (NORs), bem como do volume nucleolar em espécies distintas, visando relacionar tais organelas quanto à biogênese dos ribossomos, controle do ciclo celular, caracterizações cromossômicas em estudos evolutivos ou genéticos e, mais recentemente, em respostas a estresses, uma vez que o tamanho do nucléolo varia em função de sua atividade biológica.


Circular Técnica Online Nº 19

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