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Dezembro,
2003 Passo Fundo, RS |
Introdução
O estado hídrico da planta é dinâmico, modificando-se não somente conforme a disponibilidade de água no solo e as condições atmosféricas, mas também com o estádio de desenvolvimento da planta. O nível de hidratação de um tecido está intimamente relacionado com atividade fisiológica deste. Assim, o potencial hídrico pode ser aplicado como parâmetro para se avaliar a atividade fisiológica de um tecido ou célula. Nesse sentido, o comportamento estomático e a fotossíntese, entre outros processos, podem ser afetados pelo decréscimo do potencial hídrico foliar, resultante de estresse hídrico ocorrido em qualquer estádio de desenvolvimento da planta.
O potencial hídrico (w) compôe-se basicamente de três componentes: potencial
osmótico (
s), potencial de pressão (
p) e
potencial matricial (
m), algumas vezes. Entre esses componentes, o potencial
osmótico foliar, em algumas situações, pode se igualar a mudanças no potencial
hídrico foliar (
w) ou até mesmo excedê-las, resultando na manutenção do
potencial de pressão. Dessa forma, garante o turgor na expansão no crescimento, e no
metabolismo celular, mediante variações não controladas de potencial hídrico
(ajustamento osmótico).
A determinação do potencial hídrico pode ser medida por vários procedimentos, entre os quais destaca-se, pela praticidade, a técnica da câmara de pressão. Tal método baseia-se no fato de a pressão hidrostática da seiva xilemática de plantas poder ser medida em uma câmara de pressão (Câmara de Scholander) e a partir daí, correlacionada com o potencial hídrico foliar. Contudo, com essa técnica, o potencial osmótico da seiva do xilema, um dos componentes do potencial hídrico, não é avaliado. Mesmo assim, avaliações específicas do potencial osmótico do xilema têm apontado valores superiores a 3 bars, o que pode ser desprezível quando se estima o potencial hídrico com câmara de pressão. Outro método que pode ser usado para se determinar o potencial hídrico foliar é a psicrometria, usando-se psicrômetro termopar. Todavia, essa técnica, apesar de ser a mais indicada para esse propósito, uma vez que incorpora o potencial osmótico no processo de avaliação, requer ambiente controlado para uma conveniente aplicação. Ao contrário, a câmara de pressão, que, apesar das limitações, é de fácil manejo e pode ser operada sob condições de campo, permite realizar avaliações muito rápidas do potencial hídrico foliar.
Avaliações do potencial hídrico foliar (w) com o uso de câmara de pressão
devem ser acompanhadas de prévia calibração, específica para espécie e estádios de
desenvolvimento, para incorporar o componente osmótico nessas avaliações. Esse
componente tem recebido merecida atenção como mecanismo de adaptação de plantas, para
manutenção do turgor celular e de funções fisiológicas. Para tal propósito, análise
correlacionando medições de potencial hídrico foliar, usando-se psicrômetro termopar,
com medições da câmara de pressão (pressão hidrostática da seiva xilemática)
poderiam ser empregadas. Nesse sentido, estudos com várias espécies têm sido
desenvolvidos, comparando avaliações de potencial hídrico foliar nas quais se adotaram
medições com câmara de pressão e com psicrômetro termopar. Tais resultados demonstram
que a câmara de pressão, pela praticidade e rapidez na estimativa do potencial hídrico
foliar, constitui uma técnica aceitável. O objetivo do presente estudo foi comparar
avaliações de câmara de pressão com avaliações de psicrômetro termopar, para
estimar o potencial hídrico foliar em três estádios de desenvolvimento de trigo.
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