77

Dezembro, 2010
Passo Fundo, RS

Resultados e discussão

A semeadura do ensaio foi realizada no dia 14/08/2009, com a emergência ocorrendo em 24/08/2009. A safra 2009/2010, do ponto de vista ambiental, foi caracterizada por volumes de precipitação pluvial que atenderam a demanda do girassol (400 a 500 mm), segundo Castro & Farias (2005). De agosto de 2009 a janeiro de 2010, o volume acumulado de chuvas foi de 1.509,9 mm. Entretanto, a distribuição foi irregular entre os meses e entre decêndios de alguns meses. Exemplos disso são os meses de agosto, setembro e novembro de 2009, onde foram registrados grandes volumes de precipitação pluvial, que superaram em muito as normais climatológicas para a região. Já nos meses de outubro e dezembro de 2009 e janeiro de 2010, as médias de precipitação pluvial ficaram abaixo dos valores normais (Tabela 1), mas com adequada distribuição por decêndio. Em relação à temperatura do ar (Tabela 2) cabe destacar a variação observada no mês de novembro de 2009 com valores de temperatura média do ar 2,6°C superior a normal climatológica para o período.

Houve diferença significativa (P<0,05) para rendimento de grãos, teor de óleo, rendimento de óleo, ciclo (floração e maturação), diâmetro de capítulo e altura de plantas (Tabelas 3, 4 e 5). Os valores de coeficiente de variação (CV) de todas as características avaliadas ficaram abaixo de 20%, demonstrando a precisão e qualidade do experimento.

O rendimento médio de grãos obtido no ensaio foi de 1.798 kg ha-1, com máximo de 2.411 kg ha-1 (HLA 211 CL) e mínimo de 1.059 kg ha-1 (HELIO 358) (Tabela 3). O genótipo mais produtivo foi HLA 211 CL, embora não tenha diferido de outros três materiais (HLA 887, HLA 860 e HLA 41).

Segundo Oliveira (2007), dados experimentais e de unidades de observação conduzidas no Rio Grande do Sul mostraram que o potencial produtivo da cultura na semeadura em época preferencial (agosto/setembro) pode chegar a mais de 3.000 kg ha-1 de grãos e em semeadura de safrinha (janeiro/fevereiro) a 1.500 kg ha-1. No ensaio 2009/2010, cinco genótipos superaram 2.000 kg ha-1 (aproximadamente 33 sacas de 60 kg).

Em relação a outros ensaios realizados no mesmo local em anos anteriores (PIRES et al., 2007; SANTOS et al., 2008; PIRES et al., 2009), o ensaio de 2009/2010, apresentou rendimento de grãos médio inferior (em valores absolutos) aos registrados nas safras de 2005/2006, 2006/2007 e 2008/2009 (Fig. 1). Isto demonstra que a interação genótipo-ambiente na safra 2009/2010 não foi tão favorável, na média dos genótipos, para a expressão do potencial de rendimento de grãos como em anos anteriores.

O teor de óleo na média das cultivares foi de 43,1%, variando de 37,8% (BRS GIRA 29) a 46,8% (AGROBEL 960 e HLA 860). Nesta característica merecem destaque as cultivares AGROBEL 960, HELIO 358, CF 101, V 70004, EXP 1463, HLA 860, HLA 41 e M735 (Tabela 3).

Associando o rendimento de grãos com o teor de óleo foi possível avaliar o rendimento de óleo por hectare das cultivares (Tabela 3). O maior valor absoluto observado para rendimento de óleo foi na cultivar HLA 860 (1.047 kg ha-1). Esta resposta se deve a associação de elevado rendimento de grãos e elevado teor de óleo apresentado pelo material. Outros três genótipos também apresentaram resposta semelhante (HLA 887, HLA 41 e HLA 211 CL). O material que obteve o menor rendimento de óleo (HELIO 358) foi o que apresentou menor rendimento de grãos em números absolutos e, apesar de ter nível elevado de teor de óleo, isto não foi suficiente para compensar os valores baixos de rendimento de grãos e proporcionar ao material um destaque em termos de rendimento de óleo.

Para o peso de 1.000 aquênios a média obtida foi de 44,2 g. O valor mínimo na safra 2009/2010 foi de 29,3 g por 1.000 aquênios no genótipo HLA 203 CL e o valor máximo foi observado em BRS GIRA 46 com 54,4 g por 1.000 aquênios (Tabela 4).

O ciclo total dos materiais variou de 118 a 143 dias com média de 130 dias em 2009/2010 (Tabela 4). Os valores médios de ciclo foram similares aos da safra 2005/2006 (132 dias) (PIRES et al., 2007) e um pouco superiores aos das safras 2006/2007 e 2008/2009 (125 dias) (SANTOS et al., 2008; PIRES et al., 2009).

A precocidade apresentada em 2009/2010 em alguns materiais mostra que a interação genótipo ambiente pode influenciar esta característica e permitir colheitas precoces. Esta possibilidade é fundamental para a viabilização da cultura do girassol na região, pois poderia permitir a implementação de outra cultura durante a estação estival. Entretanto, a precocidade, geralmente não está relacionada a rendimento de grãos elevado. Os técnicos e produtores devem avaliar esta característica com cuidado (do ponto de vista socioeconômico) para definição da viabilidade se somada outra cultura em sucessão.

Em relação às características relacionadas à colheita, houve diferença entre genótipos cujos valores de altura de planta variaram de 131 a 188 cm (Tabela 5). O genótipo HLA 860 foi o mais alto do ensaio, superando todos os demais materiais. Já para menor altura destacaram-se AGROBEL 960 e HELIO 358.

Os valores de diâmetro de capítulo tiveram média de 16,3 cm com destaque para o genótipo AGROBEL 976 (19,0 cm) que apresentou maior valor embora não tenha diferindo de HLA 211 CL (17,4 cm). O menor capítulo foi formado por HELIO 358 (13,6 cm), mas não foi diferente do tamanho apresentado por outros dois materiais (BRS GIRA 23 e HLA 203 CL) (Tabela 5).

Os resultados de acamamento e quebramento de plantas foram bastante superiores aos observados em anos anteriores quando foram insignificantes. Para acamamento, a média dos genótipos foi de 18,8% variando de 2,1% (CF 101 e HLA 860) até 70,1% (M 735 e MULTISSOL). Quanto ao quebramento, a média foi de 0,2% com extremos entre 0% e 1,4% (BRS GIRA 28 e V 70004) (Tabela 5).


Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento Online 77 Publicações OnlinePublicações Online