40

Novembro, 2007
Passo Fundo, RS

Resultados e discussão

Temperaturas do ar que atingiram, aproximadamente, 40º C, combinadas com intensa deficiência de água no solo, no começo de junho, foram as causas prováveis da morte da extremidade superior das plantas, seguida do desenvolvimento de organismos saprófitas, gerando uma massa escura, com aspecto semelhante a carvão (Fig. 2).

Sintomas de canela-preta, causados pelo fungo Leptosphaeria maculans (Phoma lingam) não foram observados nos genótipos suscetíveis (Y3000, Hyola 401 e Hyola 420) presentes no experimento de genótipos e nos parcelões demonstrativos. Na região da área experimental, a doença canela-preta nunca foi observada, provavelmente por não existirem fonte de inóculo e condições ambientais favoráveis para a ocorrência da doença.

 

Experimento de genótipos

A população inicial variou de 10 a 21 plantas/m2 (exceto para Hyola 60, que apresentou 3 plantas/m2), com média de 15 plantas/m2, e não apresentou correlação com rendimento de grãos (dados não apresentados). Sementes do híbrido Hyola 60 tinham mais de um ano de armazenamento e apresentavam baixo vigor. A maturação de colheita ocorreu de 26 de julho a 17 de agosto.

Somente os resultados da avaliação subjetiva do efeito visual da seca nas plantas apresentaram correlação significativa, explicando 31% da variação no rendimento de grãos (Tabela 4).

Hyola 401 e H4816 apresentaram o ciclo da emergência até a colheita mais curto que todos os demais genótipos, com 97 dias e diferença estatisticamente significativa. Embora não tenha sido verificada diferença significativa no rendimento de grãos, os genótipos Hyola 401 e H4816 apresentaram os rendimentos de grãos mais elevados em valores absolutos. Isto tem sido observado sob condições em que o período de chuvas é curto e há deficiência hídrica no fim do ciclo, como em Maringá, no norte do estado do Paraná (Tomm et al., 2003).

Embora os genótipos tenham apresentado distintos teores de óleo não foram detectadas diferenças estatísticas no rendimento de óleo por área.

 

Parcelões demonstrativos

Nos parcelões de demonstração, a população na colheita variou de 10 plantas/m2 (Hyola 401) a 17 plantas/m2 (Hyola 43) (Fig. 3).

A exemplo do observado no experimento de genótipos, o elevado coeficiente de variação impediu a ocorrência de diferenças significativas entre os genótipos, para rendimento de grãos (Tabela 5). Hyola 420, não testada no experimento de genótipos, apresentou o maior rendimento de grãos em valores absolutos, 1.679 kg/ha.

O peso de mil grãos foi a única característica que apresentou correlação significativa, explicando 56% da variação no rendimento de grãos, o que não ocorreu no experimento de genótipos.

 

Lavouras comerciais

Como parte do programa iniciado pela Bunge Alimentos S. A. no estado do Mato Grosso do Sul, 5.917 hectares de canola foram semeados em 2006. Um agricultor semeou 1.326 ha com Hyola 43, mais 1.898 ha com Hyola 61, totalizando 3.224 ha. Outros doze agricultores semearam áreas de 100 a 340 ha cada um, todas com Hyola 61, perfazendo o total de 2.693 ha, nos quais obtiveram média geral de 726 kg de grãos/ha (Tabela 3). A precipitação pluvial média, durante todo o ciclo das lavouras, foi de 90 mm variando de 70 a 126 mm, o que provavelmente limitou o desempenho do cultivo.

Os melhores rendimentos médios de grãos foram obtidos onde se empregou o espaçamento de 17 cm entre fileiras, o que está de acordo com os resultados de experimentos realizados com variedades de polinização aberta em ambientes mais frios do estado do Rio Grande do Sul, como também em ambientes mais semelhantes, como os observados nos experimentos e lavouras do estado de Goiás (Tomm et al., 2005).

Amostragens realizadas em pontos da lavoura que visualmente sugeriam ter o maior potencial, em propriedade localizada na latitude 21º 47’ 03”, longitude 55º 25‘ 23”, altitude de 442 m acima do nível médio dos mares, no município de Maracaju, atingiram 2.664 kg/ha.

A semeadura do experimento de genótipos e dos parcelões demonstrativos foi realizada em 12 de abril, aproximadamente um mês após o fim do período recomendado. Nas lavouras comerciais, a semeadura estendeu-se até 4 de maio. Tomm et al. (2003) observaram em Maringá, PR, ambiente onde também ocorre limitada e decrescente disponibilidade hídrica a medida que se atrasa a semeadura que genótipos de ciclo curto, como Hyola 401, apresentam maior rendimento de grão. Por esta razão, provavelmente, são mais indicados sempre que a semeadura for realizada tardiamente, quando as condições ambientais são como àquelas observadas em 2006, ano em que as chuvas foram limitadas e cessaram em 20 de julho, muitos dias antes dos genótipos de ciclo mais longo chegarem à maturação, em 17 de agosto.

Observações sobre o desempenho de Hyola 61 em áreas com mais umidade no solo, por estarem situados em locais mais baixos ou serem pontos de maior concentração de matéria orgânica, sugerem que este híbrido é adequado para as condições de cultivo desta região do estado do Mato Grosso do Sul. Rendimentos de 1.074 e de 1.100 kg/ha em duas lavouras de 340 e 320 ha, com apenas 126 e 92 mm de chuva, respectivamente, indicaram que Hyola 61 é muito adaptada e teria maior potencial de rendimento de grãos sob condições mais favoráveis de disponibilidade hídrica, as quais são mais prováveis de ocorrerem se for seguida a recomendação de época de semeadura.


Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento Online 40 Publicações OnlinePublicações Online