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Dezembro, 2006
Passo Fundo, RS

Introdução

As transformações de ordem tecnológica e econômica ocorridas no Brasil nos últimos trinta anos produziram expressivas mudanças na distribuição geográfica dos cultivos agrícolas e na quantidade produzida. A observação do comportamento da evolução da agricultura, em termos de magnitude e localização, e o estudo das razões do processo observado são elementos importantes para avaliação de cenários e formulação de estratégias para o desenvolvimento agrícola nos próximos anos.

No caso do cultivo de trigo, até a década de 70, cerca de 90% do trigo brasileiro era produzido no Rio Grande do Sul; porém, em 1974 esse percentual reduziu para 69,5%. Ao longo da década de 80, a triticultura expandiu-se para outros estados, passando o Paraná a ser o maior produtor do cereal na segunda metade dessa década. A partir da década de 90, a produção de trigo prosperou nos estados de Minas Gerais e Goiás e o seu cultivo, sob irrigação, atingiu produtividades superiores a 4.500 kg/ha e as regiões Centro-Oeste e Sudeste passaram a ter uma participação de 2,9% na produção nacional (Fig. 1). No período de 1999-2003, o Paraná foi responsável por 52,1% da área colhida e 53,9 % da quantidade produzida, o Rio Grande do Sul, 39,0% da área e 37,7 % da quantidade produzida, Mato Grosso do Sul, 3,5% da área e 2,6% da produção, seguidos por Santa Catarina, São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal responsáveis por 2,6%, 1,5%, 0,8%, 0,3% e 0,1% da área colhida e 2,6%, 1,5%, 0,8%, 0,7% e 0,1% da quantidade produzida, respectivamente.

Embora a evolução e o deslocamento da cultura de trigo, no período 1975-2003, seja evidente e seguidamente descritos por dados de área, produção e produtividade, um estudo detalhado sobre a evolução destes dados mediante a análise de freqüência e uso de índices estatísticos simples permitiriam saber com maior exatidão onde ocorreram as mudanças e quantificá-las.

Neste sentido, o presente trabalho tem por objetivo analisar a dinâmica espacial da produção de trigo no Brasil, no período de 1975 a 2003, mediante a análise de estatísticas descritivas, indicadores de assimetria e concentração, medidas de distância e centros de gravidade, apresentando tabelas e mapas, com base na comparação dos anos 1975, 1985, 1995 e 2003.

Este estudo é parte integrante do projeto "Evolução da agricultura brasileira em um período recente", coordenado pela Secretaria de Gestão e Estratégia - SGE da Embrapa, executado pela Embrapa Trigo.


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